Todos nós somos resultados de um encontro de corpos que, um dia, fez explodir um novo ser. Nascemos de uma transa sexual, que pode ter sido orgástica ou não, da união entre um óvulo e um espermatozóide.
Para cada indivíduo, houve um encontro específico, a criação de uma nova vida. Somos o encontro de pai e mãe, de afinidades, de tempos, de situações, de romances, afetos, de vidas. Tudo isso nos trouxe ao mundo.
Desde então, nós existimos para amar e para recuperar a essência desse encontro inicial e tentamos renová-lo continuamente. Estamos sempre em busca da nossa cara-metade. Temos a necessidade de sermos inteiros.
Mas, de onde vem essa falta? E por que, muitas vezes, este encontro parece não dar certo?
A lenda do ser humano redondo
Segundo a mitologia grega, antigamente os seres humanos eram redondos. Por isso, eles andavam bem mais rápido, eram mais ágeis, velozes e poderosos. Como resultado, os humanos se consideraram fortes o bastante para invadir o Olimpo e tomar para si a casa dos deuses.
Zeus, furioso, ordenou que o deus dos raios, Poseidon, lançasse um raio sobre os círculos e os separasse para, assim, diminuir a sua força. E ele conseguiu. Cada círculo ficou dividido e o ser humano passou a viver em busca da sua cara metade, aquela parte que o completaria.
É por isso que quando acontece um encontro entre almas gêmeas, acontece também uma fusão de energia. Sentimos uma força enorme, algo quase que divino, um encontro de almas mesmo. Nos sentimos mais fortes e completos, como se pudéssemos tudo, assim como acontecia quando éramos redondos.
É claro que esse encontro do qual estamos falando, que está impresso na nossa mente e funciona como o motor mental, tem um fundo sexual. E não poderia ser diferente. Afinal, somos todos seres sexuais.
Nossas células surgiram de uma transa, desse êxtase divino. Esse encontro que tanto buscamos é o gerador de toda a nossa energia.
Sexo é mental e a mente é sexual
É impossível não notar que a nossa mente é sexual. O sexo, por sua vez, é mental. Já imaginou transar pensando nas contas do mês? Não dá. A mente precisa estar relaxada, livre de preocupações.
A mente precisa estar presente para ser um presente. Pensar demais mais atrapalha do que ajuda. O que precisamos mesmo é de mais sentimento genuíno, verdadeiro e intenso. Precisamos recuperar o encontro primordial. Precisamos de mais amor e menos pensamento.
Muitas vezes, é o próprio pensamento que faz com que as pessoas não encontrem e não usufruam de uma relação amorosa saudável. O estado psicológico delas, o ser interno impede realizações no campo sentimental. Elas estão fechadas para o mundo ao mesmo tempo em que querem conhecer outro ser humano.
Um relacionamento assim não tem como dar certo, pelo menos não de forma plena. Para conhecer alguém, você precisa conhecer primeiro a si mesmo. Nem que seja um pouco para saber o que quer de verdade, que tipo de relacionamento você aprecia e assim aprender a driblar os obstáculos que não são poucos em uma relação.
Claro que existem pessoas que se sentem felizes em relacionamentos rasos, limitados, que ficam dentro das suas poucas possibilidades e que cedem aos seus medos. O amor funciona como uma pirâmide. A base é para todos, mas o grande amor é para poucos, apenas para os escolhidos.
Se você não se contenta com pouco e quer mesmo encontrar um grande amor, precisa estar disposto a lançar-se no mundo, conhecer pessoas, dançar a música da vida até o final e se envolver com o outro, com a vida, consigo. Envolvimento é essencial.
E, mais uma vez, volto à questão de que o sexo é mental e a mente é sexual. Precisamos sentir aquele novo ser, respeitando aquele universo e captar qual é o tipo de amor que está na sua mente, a possibilidade que sua mente leva.
Dependendo do verso daquele ser, da sua poesia, propor uma dança. E saborear danças divinas, amores fantásticos.
A estrutura humana e a metáfora da carruagem
Gurdjief tentou decifrar o ser humano dividindo-o em quatro partes e usou uma metáfora bem interessante para isso. Ele imaginou uma carruagem, puxada por cavalos, dirigida por um cocheiro e que transporta um amo senhor.
A carruagem é a primeira parte. Elemento terra. É o nosso corpo físico, que nos transporta. Ele precisa de comida e água.
Os cavalos são a segunda parte. Elemento água. É o corpo dos desejos. Ele precisa de amor e carinho.
O cocheiro é a terceira parte. Elemento ar. É como nós nos sentimos. Aqui precisamos de informações, de conversas.
O amo é a quarta parte. Elemento fogo. Nosso corpo etérico. É a nossa memória, o registro que temos do passado. Precisamos de energia e de acesso à nossa fonte interna. E o que quer dizer tudo isso?
No amor e no sexo é preciso usar todos os quatro corpos. Se a sua carruagem está quebrada, você estará indisposto para o sexo. Se estiver deprimido não terá vontade de se relacionar porque os cavalos estão sem força. Se o cocheiro não se concentrar, ele não emparelha com outra carruagem e pode causar um desastre.
Agora imagine que você se sente bem, disposto, com o corpo em pleno funcionamento. A sua chama está acesa, o fogo arde. Existe uma impressão de reconhecimento do seu próprio fogo nos olhos do outro. O desejo é de se perder no outro. Tudo é mágico, parece um filme excitante. E o corpo, ágil, acompanha todo esse processo.
A carruagem começa a se misturar e os quatro corpos entram em uma perfeita sintonia. Você está pronto para se harmonizar com o outro. Esta é uma ótima maneira de aprendermos um pouco mais sobre nós mesmos, sobre o nosso funcionamento, sobre a nossa relação com o outro.
Muitas vezes, uma das partes põe no parceiro a culpa do relacionamento não estar dando certo, mas não percebe que os cavalos já estavam sem energia, o cocheiro já estava cheio de informações corrompidas, a carruagem estava enferrujada e por aí vai.
E aí, não adianta. É preciso não querer mudar o outro, mas mudar a si mesmo primeiramente. E quando falamos em mudar, falamos em hábitos. E é claro que demoramos muito para ultrapassar certos limites emocionais, deletar arquivos antigos, limpar porões.
Pratique o autoconhecimento
Todos nós já nascemos com uma genética própria, com a nossa personalidade e isso dificulta um pouco a mudança de hábitos necessária. Diante disso, o autoconhecimento pode ser a melhor alternativa.
Quando percebemos quais são os programas que temos instalados, identificamos melhor os problemas. E conseguimos um pouco de tranquilidade em relação a eles.
A incompreensão por parte de ambos os lados é culpada pelo insucesso de muitos relacionamentos. Muita gente se afoga na onda amorosa simplesmente por que não sabe que o parceiro de natação tem características diferentes.
Vamos nos conhecer melhor entendendo nosso princípio energético para que através de um pouco de consciência, a gente identifique melhor o nosso “oposto”.
Podemos até mudar a carruagem, transformar o nosso corpo, mexer aqui e ali na busca por melhor aceitação, mas tesão e amor não se vendem. Você tem que ter, tem que fazer sentido.
Como anda a sua carruagem? Como você está se preparando para o encontro com a sua cara-metade?
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