Jornal O Estado de São Paulo – Casamentos à brasileira

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Jornal O Estado de São Paulo – Casamentos à brasileira

Jornal O Estado de São Paulo – Casamentos à brasileira.

Com o surgimento de um homem mais sensível, os casamentos estão durando mais. Segundo dados do IBGE, o tempo médio do matrimônio passou de 9,5 anos na década de 90 para 11,5 neste século.

Giuliana Reginatto
giuliana.reginatto@grupoestado.com.br

SÃO PAULO – Relacionar-se é preciso. Com medo de passar a velhice sem par para o bolero, mais de 6 mil pessoas congestionam a rede de relacionamentos da agência A2 Encontros (www.a2encontros.com.br), que atua no ‘mercado dos disponíveis’ há 14 anos. Responsável pela empresa, a publicitária Cláudya Toledo conta que durante uma década de trabalho conseguiu perceber curiosas transformações na postura de homens e mulheres diante do envolvimento amoroso. “Os homens estão mais sensíveis. Hoje, cozinham, dançam, fazem ioga, decoram a casa e fazem compras. Se antigamente ser homem era mandar, hoje é participar”, diz ela.

Para as mulheres, o diagnóstico de Cláudya é menos otimista. “Elas se tornaram workaholics e fumantes. Há 14 anos, o perfil delas era outro. A cada dez que apareciam na agência, apenas uma fumava. Hoje, essa proporção passou para cinco em cada dez. Com o homem se deu o inverso: a cada dez, apenas um fuma. Além das questões em torno da saúde, há o aspecto profissional. Na faixa etária mais jovem, que vai até 30 anos, os rapazes reclamam que as meninas só pensam na profissão, só querem ganhar dinheiro”, observa.

O homem sensível de hoje é também um ser mais comprometido com a estrutura familiar. Na visão de Cláudya, essa mudança produz impacto direto no novo padrão de casamento que se desenha na sociedade brasileira. “Com a mudança comportamental masculina, toda a sociedade ganha. O próprio homem, as mulheres, o mercado de trabalho, as famílias. Os relacionamentos acabam se tornando mais duráveis, mais ajustados”, diz a publicitária.

As observações de Cláudya encontram respaldo nas estatísticas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o tempo médio do matrimônio passou de 9,5 anos na década de 90 para 11,5 nesse início de século. Já os divórcios sofreram queda de 3,7% entre 2003 e 2005. Os números oficiais também apontam que o brasileiro, além de separar-se menos do companheiro, tem casado mais. Nos últimos dois anos, o número de casamentos no País cresceu 7,7%.

Relacionamento sério Na opinião de Cláudya, todo solitário está, sim, em busca de uma cara-metade. “Essa história do homem que diz ‘não quero manter um relacionamento sério’ não passa de papo, de desculpa mesmo. Isso deve ser entendido como: ‘não quero ter um relacionamento sério com você’. Significa que o homem não tem tesão naquela mulher em especial, que está desinteressado por ela, não por todos os relacionamentos. O que acontece é que os homens, geralmente, não têm coragem de dizer isso diretamente. E até soaria grosseiro se eles assim o fizessem”, explica.

Com base no termômetro diário de comportamento humano que a A2 Encontros lhe oferece, Cláudya arrisca dizer que a sociedade está diante de um momento especial, algo que ela define como período de “desenvolvimento da intuição masculina”, uma tendência que ultrapassa o apego à vaidade que caracterizava os metrossexuais. Trata-se de uma mistura entre humor, afetividade e sensibilidade. “Nesses 14 anos, a agência tomou enorme proporção, com seis unidades. Diariamente, atendemos até 30 pessoas que estão, simplesmente, à procura de um amor de verdade.”

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