Desvendando os Códigos Relacionais

Códigos Relacionais práticas constelares
Códigos Relacionais práticas constelares

Convido você a caminhar por uma praça imaginária, cheia de imagens holográficas.

Sabemos que as imagens não são reais, mas elas permitem interpretar o pouco que nos chega do passado, aquela fração que sobreviveu até nós, um simples fragmento com múltiplos lados e versões, um código presente dentro de cada um de nós e que vem de nossos antepassados, marcando o nosso corpo, nossas emoções, nossa mente e nossa alma.

Essas imagens holográficas podem representar nossos antepassados ou nossas gerações futuras conversando conosco num diálogo atemporal. Para Albert Einstein: “A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente”. 

Nossa mente busca conforto e segurança. É sempre difícil compreender o que foge a essa segurança ou senso comum. Pensar num mundo ou ambiente onde o tempo não existe? Lá está a praça que caminhamos no início deste texto. Nossa mente que precisa e se rege por regras, sempre canaliza nossa segurança para “construções” seguras, como um calendário onde “passam” os dias, meses, anos. Um relógio que registra segundo a segundo um tempo que também “passa”. Sinais de ciclos naturais de continuidade da vida como um nascer e pôr do sol, uma planta que floresce, frutifica, perde suas folhas, rebrota e floresce e frutifica e novamente perde suas folhas. 

Temos certeza de que o relógio permite ao ser humano “organizar” sua mente e sua vida. Assim como as “fases” cíclicas da natureza, da lunação, das estações, o ciclo do sol ou ainda o calendário. Mas esses sinais não nos garantem um “tempo” contínuo a seguir absoluto rumo ao futuro. E não se esqueça de que quem está falando que passado, presente e futuro não existem, como o concebemos, é Einstein.

Sobre os ciclos e sobre o feminino:

Biologicamente, a mulher está organizada para se alternar mensalmente nos ciclos hormonais, de acordo com as fases da lua e das marés. A mulher possui quatro fases, cada uma com sete dias, que estão conectadas com as quatro fases da lua. Assim como a lua tem a fase crescente, cheia, minguante e nova, a mulher tem as fases seca, de ovulação, seca e de menstruação.

Claudya Toledo. Sexo e segredo dos casais felizes, Ed. Alaude – 2011

O filósofo chinês Confúcio (551 a.C. – 479 a.C), dizia: “Se queres prever o futuro, estuda o passado”.  Já o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1855) afirmava que:  A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente”.

Ambas as frases se conectam no “prever” o futuro, ou no viver a vida, porque o sentido da vida é a vida. Compreender esse significado é caminhar de forma a compreender os caminhos que nos reserva o futuro, a partir das ocorrências e conhecimento do passado.

Rapidamente pensamos como proceder para compreender essa dinâmica do espaço tempo nas relações familiares e ancestrais e isso pode se dar no campo da Constelação Sistêmica. 

Resumidamente, a Constelação Sistêmica é um método desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger, que uniu, através dela, conhecimentos diversos como a Psicologia, Filosofia e Física Quântica. 

Hellinger se formou em Teologia, Filosofia, Artes e Pedagogia. Também uniu seus conhecimentos desenvolvidos em sua especialização em Psicanálise, Gestalt-Terapia, Análise Transacional, Dinâmica de Grupos, Terapia do Grito Primal, Hipnoterapia e Terapia Familiar.

Durante toda a sua vida, ele teve experiências que foram a base de seu trabalho e seu conhecimento. Muito jovem foi estudar em um seminário católico. Apesar de ser contra a política nazista de Hitler, foi, como muitos jovens de sua época, forçado a se alistar no exército. Combateu no front de guerra e foi prisioneiro num campo de concentração das forças aliadas. Com o final da guerra se ordenou padre e trabalhou no Sul da África, com as tribos Zulus. Esse seu trabalho como missionário e educador teve grande impacto em sua vida. 

Os Zulus têm entre suas crenças uma que diz que os espíritos ancestrais tinham o poder de intervir na vida das pessoas, para o bem ou para o mal. Os Zulus reconhecem vários elementos como partes integrantes de um ser humano: o corpo físico; a respiração ou força vital; e a “sombra” ou personalidade.

A questão da influência ancestral no indivíduo de hoje, embora seja um padrão recorrente em muitas culturas do mundo, foi vivenciada por Hellinger no seu contato com a cultura Zulu, durante 16 anos Essa vivência certamente impactou sua visão de mundo e a formulação de suas teorias.

Acho importante abrir aqui um espaço para falar de minha experiência com o Xamanismo. Siberiano. Durante anos, vivi experiências com Xamãs na Rússia, Montes Altay ,onde pude observar como a ancestralidade e suas relações com o indivíduo estão presentes. As formas de explicar o mundo e a ritualística de ver, explicar e honrar essa ancestralidade e organizar suas relações no tempo. 

Ajustar os acontecimentos através de rituais de passagem traz ordem, compreensão e admiração dos jovens pelos anciãos. O respeito de uns pelos outros e a hierarquia honrada e clara para cada um . 

Após a ordem, o fluxo de amor volta a reinar sobre a tribo. Voltando para as Constelações, ao utilizar-se dos Campos Morfogenéticos, teoria desenvolvida pelo biólogo Rupert Sheldrake, as constelações acrescentam um novo aspecto na união de conhecimentos diversos através da abordagem sistêmica, complementada com as novas formas de se ver e compreender o mundo através da física quântica.

A Teoria de Sheldrake, renomado biólogo é muito discutida e questionada dentro dos padrões da ciência tradicional, mas encontra ressonância em várias áreas da biologia, da física e de outras áreas de conhecimento como a Psicologia e as Constelações. Essa teoria não foi uma inovação dele, pois já era proposto de forma isolada por pesquisadores cerca de 100 anos antes dele lançar a teoria. Sua contribuição, no entanto, foi sistematizar e colocar sob forma de uma teoria coerente, os conhecimentos elaborados anteriormente.

Sheldrake propõe que:

Esta teoria trata sistemas naturais auto organizados e a origem das formas. E eu assumo que a causa das formas é a influência de campos organizacionais, campos formativos que eu chamo de campos mórficos. A característica principal é que a forma das sociedades, ideias, cristais e moléculas dependem do modo em que tipos semelhantes foram organizados no passado. Há uma espécie de memória integrada nos campos mórficos de cada coisa organizada. Eu concebo as regularidades da natureza como hábitos mais que por coisas governadas por leis matemáticas eternas que existem de algum modo fora da natureza.” (Sheldrake, 1981) 

A partir dos conhecimentos de Hellinger, Sheldrake, Blavatsky, Gurdjieff, Rudolf Steiner, do Xamanismo Siberiano e das Setes saúdes védicas é que desenvolvemos essa metodologia de abordagem do passado sistêmico familiar, através dos Códigos Relacionais que identificam nas 7 saúdes ou chakras principais, os “bugs” nos antepassados que impactam na vida de hoje, identificando os códigos relacionais, ordenando esses padrões vibratórios negativos e liberando o fluxo de energia desse passado.

Bibliografia

Hellinger B. Ordens do amor, Ed: Cultrix, 2001.

Hellinger B. e ten Hövel G. Constelações Familiares, Ed: Cultrix, 1996.

Sheldrake, R. A New science of life,, 1981

Toledo, C. Manual da Cara Metade. Ed. Globo, 2004

Toledo, C. Sexo e Segredo dos Casais Felizes. Ed. Alaúde, 2009

Toledo, C. Manual do Amor, Ed. Alaúde, 2012

Toledo, C. Eles são simples. Elas são complexas. Ed. Alaúde, 2011

2 thoughts on “Desvendando os Códigos Relacionais

  1. Pingback: Códigos Relacionais: Ferramenta constelatória para autoconhecimento e compreensão do outro - Claudya Toledo

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